sábado, 2 de junho de 2007

Tudo o que voce queria saber sobre o G8 mas tinha medo de perguntar




G8, uma historia breve...

A historia começa no conturbado ano de 1973 quando uma crise petrolifica, provocada pela OPEC, desencadeou uma crise económica com repercussões globais. O império contra atacou com uma conferencia internacional na Casa Branca, formada pelos dirigentes das maiores potencias internacionais, que deu origem a formação do chamado Library Group.
Em 1975 o então presidente Francês, Valery Giscard d’Estaing (Autor do projecto da, para já falhada, Constituição Europeia), convocou uma nova conferencia em paris e formou-se assim o grupo dos G6. No ano seguinte o Canada juntou-se a festa, e finalmente após a queda do muro de Berlim o grupo completou-se com a chegada da Rússia.
Hoje em dia o G8, composto pelos 8 países mais industrializados do planeta (Estados Unidos da América, Reino Unido, Alemanha, Canada, Japão, Franca, Itália e Rússia) representa aproximadamente 65% da economia global embora o total dos 8 países apenas represente 14% da população do nosso pequeno planeta.
Uma vez por ano os presidentes dos respectivos membros juntam-se para um bacanal politico e um circo mediático sem igual, com muitos cocktails, apertos de mãos e fotografias nas primeiras paginas de jornais.
Na Cimeira de Gleneagles (2005) assinou-se um tratado histórico onde os 8 comprometeram-se a reduzir a divida externa de 14 países africanos, e o aumento de ajuda humanitária, embora ate hoje pouco ou nada de pratico tenha sido concluído.



Criticas

Desde 1975 que o G8 é alvo de criticas por parte de vários grupos, dos mais variados espectros políticos (Activistas Ambientalistas, Marxistas, Anarquistas, Feministas, direitos civis, direitos humanos, anti-patentes, anti globalização, etc.).



As criticas são também variadas:
- Divida do terceiro mundo.
- Politicas de mercado injustas.
- Falta de acção ambiental.
- Monopólio de patentes medicinais e naturais.
- Iraque, Palestina, etc...

No fundo da questão reside um conflito fundamental. O da legitimidade de um grupo anti democrático de 8 auto-proclamados lideres do planeta, de tomar decisões com repercussões globais.
Os primeiros ecos de resistência organizada surgiram em 1998, quando a Rússia entrou na festa, em Birmingham (Inglaterra). Desde então os protestos multiplicaram-se.
Em Junho de 1999 na Cimeira de Colónia(Alemanha) um exagerado aparato policial deu origem a confrontos violentos entre as autoridades e os “críticos”. A cena voltou a repetir-se em Génova (Itália) resultando na morte, a tiro, de um jovem anarquista italiano pelas autoridades.
Desde então os 8 tem-se reunido fora de grandes cidades com o intuito de reduzir os protestos. Em Junho de 2002 a cimeira teve lugar no meio de um parque natural em Kananaskis (Canada) obrigando os “críticos” a encontrarem formas mais criativas de protesto.
Os confrontos repetiram-se nas ultimas 5 conferencias, em Evian (Franca, 2003), em Sea Island (USA, 2004) em Gleneagles (Escócia,2005) e em São Petersburgo (Rússia, 2006).
Dia 6 inicia-se a 33ra cimeira do G8 em Heiligendamm (perto da cidade de Rostock, no norte da Alemanha).




Anatomia de uma mobilização

Obviamente que organizar uma mobilização internacional sem fundos é uma missão praticamente impossível.
Arranjar Alojamento, comida, recursos, etc... para milhares de pessoas tem vindo a ser cada vez mais complicado, principalmente desde que a cimeiras passaram a ter lugar em regiões isoladas como ilhas, montanhas e campo.
Este ano, confirmando o estereotipo de eficácia alemã, os milhares de activistas que se concentrarão no norte da Alemanha, nas próximas duas semanas, tem a sua disposição uma série de alternativas.
Existem 3 acampamentos gigantes, em terrenos ocupados, a volta do centro da conferencia. Ao todo são capazes de alojar mais de 20 000 pessoas. Os chamados “Peace Camps” estão organizados em bairros autónomos formados independentemente por grupos ou individos. Cada bairro nomeia um representante que é porta voz do grupo durante as reuniões diárias que determinam aspectos práticos de como o acampamento é governado (Tratamento de residos, lixo, casas de banho, material para acampar, segurança, entretenimento, etc. ).
Os acampamentos são por si só um protesto, já que são uma demonstração física de uma possível alternativa de organização social. Cada acampamento tem o seu centro de media (Com ligações de Internet), “centrais energéticas” (painéis solares), infantários e espaços para workshops de todo o tipo.
Em varias cidades espalhadas pelo pais (Hamburgo, Berlim, dusseldorf, Rostock, etc) existem também os chamados centros de convergência, onde se formam assembleias populares para partilhar experiências e tomar decisões colectivas sobre formas de protesto, acções, tácticas, etc.
Como e habito, formou-se um nucleo legal (composto por advogados, activistas de direitos humanos, estudantes de direito) para auxiliar os protestos. Os observadores legais estao devidamente identificados e decomentam informacao sobre detencoes e excesso de forca policial.
Para acabar, existe também uma rede de transportes autónoma impressionantemente bem organizada.



Agora só faltam os protestos


Durante o mes de Junho vão ter lugar uma série de protestos sobre os mais variados temas. Aqui fica um link de uma lista completa de eventos.
http://www.indymedia.org.uk/en/2007/05/371754.html





Mas eu não posso ir!

Não faz mal. Nem todos temos o tempo, a disponibilidade ou as condições financeiras para viajar ate a Alemanha este verão.
Protestos do século 21 requerem tácticas do século 21. E só preciso de um pouco de vontade para participar. Seja através publicidade, troca de informação, acções a porta de embaixadas dos 8 (em particular embaixadas alemãs, já que detém a presidência rotativa),etc , existem mil e uma maneiras de participar.
já diz o velho ditado, “se eu tentar possivelmente vou perder, mas se nunca tentar já perdi”.

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